sábado, 10 de dezembro de 2016

ÁCIDO HIALURÔNICO...


ácido hialurônico é uma substância produzida naturalmente pelo nosso organismo. Sua função é preencher os espaços entre as células, assim como hidratá-las, uma vez que, ele tem a capacidade de reter até mil vezes mais água que o seu próprio volume.

É geralmente utilizado para os preenchimentos cutâneos, na região da face, como rugas e sulcos. A permanência do ácido hialurônico é de aproximadamente um (1) ano, podendo variar de paciente para paciente, já que sua duração é muito influenciada pela idade e hábitos de vida. Após a sua aplicação, o rosto tem reações de inchaço e vermelhidão que desaparecem em 48 horas. Depois de três (3) semanas é possível realizar uma reaplicação para otimizar os resultados.

A substância foi descoberta em 1934 pelos farmacêuticos alemães Karl Meyer e John Palmer, na Universidade de Columbia, em Nova Iorque. No início, eles isolaram a substância que dava forma aos olhos das vacas, descobrindo que ali continha micromoléculas de açúcar, onde foi possível perceber a presença de ácido urônico. Com esses dados, constataram que essa substância poderia ter fins terapêuticos.
Sua utilização comercial começou em 1942, com o húngaro Endre Lalaza, que sintetizou este material a partir das ideias de Meyer. Em 1996 seu uso passou para a área cosmética, sendo sua maior utilização até os dias de hoje. Este ácido tem a capacidade de alisar a pele e estimular a formação de colágeno.

Preenchimento com Ácido Hialurônico 
Por Dr. Roberto Chacur
Sabe-se que o ácido hialurônico diminui em nossa pele com o passar dos anos. Sabemos, também, de sua importante função na hidratação, manutenção da elasticidade e tonicidade da pele.
Além de sua importante presença no tecido conjuntivo - presente em aproximadamente 56% da pele - sua partícula é encontrada no líquido sinovial das articulações, nos olhos (humor vítreo), na matriz extracelular, na cartilagem hialina, e em diversas outras estruturas do corpo humano.
O ácido hialurónico pode ser fabricado em escala industrial a partir de fermentação de bactérias ou de origem animal, sendo que este possui um empecilho na produção e, também, a possibilidade de reação alérgica e hipersensibilidade com maior frequência.
Existem várias opções de ácidos hialurônicos injetáveis disponíveis no mercado, sendo que cada marca possui diversas concentrações  e diversos tipos de ligações entre as moléculas (crosslink).
Existem diversas divergências, estudos e discussões acerca de durabilidade, da sua relação com o tipo de ligação entre as moléculas, da durabilidade, da densidade etc.
Toda cadeia polimérica de ácido hialurônico é exatamente igual em todas as espécies, com a ressalva de que, as cadeias formadas a partir de proliferação bacteriana, tendem a ser menores se comparadas a origem animal.
As cadeias dissacarídeas conectadas entre si formam uma longa cadeia linear que pode ser ligadas (crosslinked), formando uma macromolécula com capacidade de reter água, manter a hidratação e elasticidade da pele. No entanto, o ácido hialurônico corporal se encontra em constante remodelamento com a ação da hialuronidase que existe em nosso organismo e sua durabilidade vai depender principalmente do tipo de crosslink existente entre as cadeias de ácido hialurônico. Se estas ligações não existissem, as moléculas seriam rapidamente absorvidas pelo organismo e não conseguiríamos manter seu efeito preenchedor, pois a ½ vida do ácido hialurônico no tecido humano é de apenas alguns dias.
Existem diversos tipos de crosslinking, e é esta ligação entre as cadeias de ácidos hialurônicos que estabilizará a molécula e fará com que ela persista, existindo diversos métodos de “crosslinkagem”, bom como vários níveis, impactando na característica das moléculas.
De modo geral, a matéria prima dos produtos comercializados é a mesma. Esta, quando em contato com a água, forma um líquido viscoso que precisa se tornar um gel estável e manter seu volume pós-implantado, mecanismo que diferencia um produto comercializado de outro.
Existem alguns agentes químicos utilizados para ligar as cadeias de ácidos hialurônicos, sendo que aprovados pelo FDA existem três – BDDE (1,4butanediol diglycidyl ether), DVS ( divinyl sulfone) e BCDI (discarbodiimide), cada um com suas características próprias.  Após a reação destes agentes, é preciso removê-los do produto final por algum processo de purificação, que pode ser tóxico aos tecidos e perigoso. Esse constitui um dos principais critérios avaliados para a liberação de um produto com ácido hialurônico pelo FDA e, por isso, de vital importância que os órgãos fiscalizadores atuem inibindo a proliferação e utilização de produtos com qualidade e procedência duvidosa.
O tipo e o grau de crosslink vão influenciar diretamente na dureza do produto e também durabilidade, entretanto, existe um ponto que pode diminuir a biocompatibilidade do produto e favorecer a formação de reação a corpo estranho.
Outro fator importante a ser observado e que varia muito conforme marca e modelo a ser utilizado, é a concentração do produto (mg/ml), de modo que esta concentração de ácido hialurônico possui tanto molecular crosslinked como não crosslinked. O ácido hialurônico livre é utilizado em vários produtos como lubrificantes, melhorando o fluxo do produto quando utilizado, mas não influencia no resultado final do volume, pois será reabsorvido rapidamente.

Algumas características a respeito dos diferentes tipos de ácidos hialurônicos:
  • tamanho molecular;
  • concentração de Ácido hialurônico (mg/ml);
  • grau e técnica de crosslinking (BDDE - DVS - DEO);
  • relação cross-linking, não cross-inking;
  • tamanho das partículas do gel;
  • quantidade de crosslinking;
  • nível de hidratação.


Rígido, elástico, duro, mole, cadeia grande ou pequena, capacidade de reter mais ou menos líquido, mais coeso ou não etc. Cada marca e modelo do produto possui suas peculiaridades, o que me faz pensar que não existe um modelo adequado para tudo. Não podemos crer que um produto com maior dureza e menos elasticidade possa ser utilizado naturalmente nos lábios, onde precisamos de um resultado mais “mole” e “elástico”.
O tamanho das partículas também é outro componente importante. Existem produtos com partículas grandes ou pequenas, e ainda com partículas de diversos tamanhos. Produtos com maiores moléculas e mais coesos que também precisam de maior crosslinked molecular, pois precisam passar pelos orifícios pequenos das agulhas.

CONSIDERAÇÕES

Com essa avalanche de produtos sendo lançados no mercado - e no Brasil de uma penetração mais fácil – é preciso que cada vez mais, nós médicos, estejamos aptos a selecionar o que pode ser melhor para nossos pacientes. Existem diversas características a ser analisadas nos subtipos de ácidos hialurônicos, como tamanho das moléculas, pureza, densidade do produto, elasticidade, dureza, coesividade, tipo de crosslink e a combinação destes, o que resulta em um produto único e com indicação mais precisa.
Não podemos simplesmente utilizar um produto para tudo. Cada implante líquido possui suas peculiaridades e, dentro de cada tipo de produto, seja ele ácido hialurônico, pmma (polimetilmetacrilato), hidroxiapatita( radiesse), ácido polilático ( sculptra), dentre tantos outros, temos submodelos com indicações cada vez mais precisas. Por meio desta indicação, conseguiremos minimizar os riscos e potencializar os resultados, proporcionando mais segurança e mais eficácia em nossos tratamentos.




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