O ácido hialurônico é
uma substância produzida naturalmente pelo nosso organismo. Sua função é
preencher os espaços entre as células, assim como hidratá-las, uma vez que, ele
tem a capacidade de reter até mil vezes mais água que o seu próprio volume.
É geralmente
utilizado para os preenchimentos cutâneos, na região da face, como rugas e
sulcos. A permanência do ácido hialurônico é de aproximadamente um (1)
ano, podendo variar de paciente para paciente, já que sua duração é muito
influenciada pela idade e hábitos de vida. Após a sua aplicação, o rosto tem
reações de inchaço e vermelhidão que desaparecem em 48 horas. Depois de três
(3) semanas é possível realizar uma reaplicação para otimizar os resultados.
A substância foi
descoberta em 1934 pelos farmacêuticos alemães Karl Meyer e John Palmer, na
Universidade de Columbia, em Nova Iorque. No início, eles isolaram a substância
que dava forma aos olhos das vacas, descobrindo que ali continha micromoléculas
de açúcar, onde foi possível perceber a presença de ácido urônico. Com esses
dados, constataram que essa substância poderia ter fins terapêuticos.
Sua utilização
comercial começou em 1942, com o húngaro Endre Lalaza, que sintetizou este
material a partir das ideias de Meyer. Em 1996 seu uso passou para a área
cosmética, sendo sua maior utilização até os dias de hoje. Este ácido tem a
capacidade de alisar a pele e estimular a formação de colágeno.
Preenchimento com Ácido Hialurônico
Por Dr. Roberto Chacur
Sabe-se que o ácido
hialurônico diminui em nossa pele com o passar dos anos. Sabemos, também, de
sua importante função na hidratação, manutenção da elasticidade e tonicidade da
pele.
Além de sua
importante presença no tecido conjuntivo - presente em aproximadamente 56% da
pele - sua partícula é encontrada no líquido sinovial das articulações, nos
olhos (humor vítreo), na matriz extracelular, na cartilagem hialina, e em
diversas outras estruturas do corpo humano.
O ácido hialurónico pode ser fabricado em escala
industrial a partir de fermentação de bactérias ou de origem animal,
sendo que este possui um empecilho na produção e, também, a possibilidade
de reação alérgica e hipersensibilidade com maior frequência.
Existem várias opções
de ácidos hialurônicos injetáveis disponíveis no mercado, sendo que cada marca
possui diversas concentrações e diversos tipos de ligações entre as
moléculas (crosslink).
Existem diversas
divergências, estudos e discussões acerca de durabilidade, da sua relação com o
tipo de ligação entre as moléculas, da durabilidade, da densidade etc.
Toda cadeia
polimérica de ácido hialurônico é exatamente igual em todas as espécies, com a
ressalva de que, as cadeias formadas a partir de proliferação bacteriana,
tendem a ser menores se comparadas a origem animal.
As cadeias dissacarídeas
conectadas entre si formam uma longa cadeia linear que pode ser ligadas (crosslinked), formando uma macromolécula com capacidade de
reter água, manter a hidratação e elasticidade da pele. No entanto, o ácido
hialurônico corporal se encontra em constante remodelamento com a ação da
hialuronidase que existe em nosso organismo e sua durabilidade vai depender
principalmente do tipo de crosslink existente entre as cadeias de ácido hialurônico. Se
estas ligações não existissem, as moléculas seriam rapidamente absorvidas pelo
organismo e não conseguiríamos manter seu efeito preenchedor, pois a ½ vida do
ácido hialurônico no tecido humano é de apenas alguns dias.
Existem diversos
tipos de crosslinking, e é esta ligação entre as cadeias de ácidos
hialurônicos que estabilizará a molécula e fará com que ela persista, existindo
diversos métodos de “crosslinkagem”, bom como vários níveis, impactando na característica
das moléculas.
De modo geral, a matéria
prima dos produtos comercializados é a mesma. Esta, quando em contato com a
água, forma um líquido viscoso que precisa se tornar um gel estável e manter
seu volume pós-implantado, mecanismo que diferencia um produto comercializado
de outro.
Existem alguns
agentes químicos utilizados para ligar as cadeias de ácidos hialurônicos, sendo
que aprovados pelo FDA existem três – BDDE (1,4butanediol diglycidyl ether),
DVS ( divinyl sulfone) e BCDI (discarbodiimide), cada um com suas
características próprias. Após a reação destes agentes, é preciso
removê-los do produto final por algum processo de purificação, que pode ser
tóxico aos tecidos e perigoso. Esse constitui um dos principais critérios
avaliados para a liberação de um produto com ácido hialurônico pelo FDA e, por
isso, de vital importância que os órgãos fiscalizadores atuem inibindo a
proliferação e utilização de produtos com qualidade e procedência duvidosa.
O tipo e o grau de crosslink vão influenciar diretamente na dureza do produto e
também durabilidade, entretanto, existe um ponto que pode diminuir a
biocompatibilidade do produto e favorecer a formação de reação a corpo
estranho.
Outro fator
importante a ser observado e que varia muito conforme marca e modelo a ser
utilizado, é a concentração do produto (mg/ml), de modo que esta concentração
de ácido hialurônico possui tanto molecular crosslinked como não crosslinked. O ácido hialurônico livre é utilizado em vários
produtos como lubrificantes, melhorando o fluxo do produto quando utilizado,
mas não influencia no resultado final do volume, pois será reabsorvido
rapidamente.
Algumas características a respeito dos diferentes
tipos de ácidos hialurônicos:
- tamanho molecular;
- concentração de Ácido hialurônico (mg/ml);
- grau e técnica de crosslinking (BDDE - DVS - DEO);
- relação cross-linking, não cross-inking;
- tamanho das partículas do gel;
- quantidade de crosslinking;
- nível de hidratação.
Rígido, elástico,
duro, mole, cadeia grande ou pequena, capacidade de reter mais ou menos
líquido, mais coeso ou não etc. Cada marca e modelo do produto possui suas
peculiaridades, o que me faz pensar que não existe um modelo adequado para tudo.
Não podemos crer que um produto com maior dureza e menos elasticidade possa ser
utilizado naturalmente nos lábios, onde precisamos de um resultado mais “mole”
e “elástico”.
O tamanho das
partículas também é outro componente importante. Existem produtos com
partículas grandes ou pequenas, e ainda com partículas de diversos tamanhos.
Produtos com maiores moléculas e mais coesos que também precisam de maior crosslinked molecular, pois precisam passar pelos orifícios
pequenos das agulhas.
CONSIDERAÇÕES
Com essa avalanche de
produtos sendo lançados no mercado - e no Brasil de uma penetração mais fácil –
é preciso que cada vez mais, nós médicos, estejamos aptos a selecionar o que
pode ser melhor para nossos pacientes. Existem diversas características a ser
analisadas nos subtipos de ácidos hialurônicos, como tamanho das moléculas,
pureza, densidade do produto, elasticidade, dureza, coesividade, tipo de crosslink e a combinação destes, o que resulta em um produto
único e com indicação mais precisa.
Não podemos simplesmente utilizar um
produto para tudo. Cada implante líquido possui suas peculiaridades e, dentro
de cada tipo de produto, seja ele ácido hialurônico, pmma
(polimetilmetacrilato), hidroxiapatita( radiesse), ácido polilático (
sculptra), dentre tantos outros, temos submodelos com indicações cada vez mais
precisas. Por meio desta indicação, conseguiremos minimizar os riscos e
potencializar os resultados, proporcionando mais segurança e mais eficácia em
nossos tratamentos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário